Os neurônios têm por muito tempo um papel estelar no estudo do cérebro e de suas doenças. Mas, assim como cada Frodo Baggins precisa de um Samwise Gamgee*, os neurônios simplesmente não são quem são sem a glia – ou as células cerebrais da glia que os nutrem, isolam e protegem.
De acordo com um estudo recentemente publicado em Cell Reports é a glia que mostra grandes mudanças no cérebro à medida que as pessoas envelhecem. Jernej Ule e Rickie Patani, um neurocientista molecular e um neurologista clínico da University College London, e colegas analisaram cerca de 1.800 amostras cerebrais (de dez regiões cerebrais) de 480 pessoas falecidas, idades de 16 a 106 anos, fazendo o que dizem ser a análise mais abrangente da expressão do gene do cérebro humano até à data.
Eles descobriram que as células da glia – especialmente aquelas do hipocampo, região associada à memória e navegação espacial, e da substância negra, relacionada com a recompensa e o movimento – mudam sua expressão gênica ao longo do tempo. Essas regiões estão implicadas com o Alzheimer e Parkinson, por isso esta pesquisa representa uma nova janela para a compreensão dessas doenças.
As apostas são altas, já que 46 milhões de pessoas em todo o mundo vivem com demência e 10 milhões com Parkinson. O número de pessoas com 60 anos ou mais crescerá de 901 milhões para 1,4 bilhões, um aumento de 56%.
O envelhecimento cerebral tem muito a ver com o que Ule chama de “crise de identidade” com a qual a glia atravessa ao longo do tempo. Você pode ver nisso como os padrões de expressão de genes mudam. “O padrão de expressão dos genes é uma leitura indireta da função celular”, explicou Ule à Science of Us em um e-mail. “O que nos diz que essas células gliais têm funções um pouco distintas em cada parte do cérebro, possuindo assim uma ‘identidade regional’. A crise de ‘identidade’ é vista pelo fato de que os padrões de expressão dessas células tornam-se mais semelhantes entre as regiões cerebrais de indivíduos mais velhos.” Como um charmoso centro de uma cidade após que várias lojas se fecham, a glia perde o que a torna única.
Outras pesquisas recentes descobriram que décadas antes do Alzheimer se manifestar clinicamente, a doença já é presumida na ‘fase celular’, um tempo pré-clínico em que os tipos de células do cérebro alteram suas interações. Este estudo, então, é mais um passo para os médicos serem capazes de identificar a doença de Alzheimer e Parkinson muito antes de se manifestarem como doenças de fato – graças à consideração de uma célula cerebral que havia sido largamente ignorada.
* N.daT.: Samwise Gamgee é um personagem fictício da trilogia O Senhor dos Anéis, de J.R.R. Tolkien. Frodo Baggins é seu companheiro em várias adversidades.
Traduzido por Essentia Pharma
Fonte: http://nymag.com/scienceofus/2017/01/to-understand-a-brains-age-focus-on-more-than-neurons.html
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