Em um estudo publicado em Nature Immunology, os pesquisadores liderados por Jenny P.Y. Ting, PhD, da UNC Lineberger* descrevem como a inflamação pode seguir incólume na ausência de um certo inibidor chamado NLRP12. Em um ciclo de reações prejudicial, esta inflamação pode perturbar o equilíbrio de bactérias que vivem no intestino – parte da comunidade de microrganismos no corpo humano conhecido como microbioma. Eles descobriram em modelos pré-clínicos que, na ausência de NLRP12, certos tipos de bactérias “más” eram mais abundantes, enquanto que os níveis de bactérias benéficas se apresentavam mais baixos. Isso levou a uma maior inflamação nos modelos estudados.
No entanto, os pesquisadores descobriram que a adição de um tipo de bactéria benéfica que normalmente cresce no intestino pode ajudar a parar este ciclo, sugerindo um novo tratamento para a doença inflamatória intestinal.
“Neste momento, temos opções limitadas de tratamento para pessoas com doença inflamatória intestinal”, disse Justin E. Wilson, PhD, coautor do estudo. “Essas doenças podem ser realmente difíceis, afetando a qualidade de vida dos pacientes e suas finanças.”
As duas doenças inflamatórias mais comuns do intestino – doença de Crohn e colite ulcerativa – afetam cerca de 1,6 milhões de pessoas somente nos Estados Unidos, de acordo com a Crohn’s & Colitis Foundation of America. Elas podem levar à diarreia, fadiga e cólicas abdominais. Pessoas com colite ulcerativa ou doença de Crohn envolvendo o cólon têm maior risco de câncer de cólon ou retal. Os cientistas sabem que essas doenças tornam anormal a reação do sistema imunológico aos alimentos, bactérias ou outros materiais nos intestinos.
Os pesquisadores da UNC Lineberger descobriram um papel fundamental para uma determinada proteína chamada NLRP12 na regulação da inflamação observada nestas doenças.
Sabe-se que NLRP12 suprime sinais inflamatórios para prevenir uma resposta imune hiperativa. Mas uma análise descobriu baixos níveis de NLRP12 em gêmeos com colite ulcerativa, mas não em gêmeos pareados sem a doença. E em modelos de camundongos que não tinham esta proteína, eles encontraram níveis mais elevados de inflamação no cólon.
Foram comparados então os níveis de inflamação em modelos de laboratório com NLRP12 e em modelos que não possuíam o gene para esta proteína.
Na ausência da proteína, também foram observadas mudanças nos tipos de bactérias que vivem no intestino – sugerindo um papel para a proteína em manter o microbioma em equilíbrio para prevenir a inflamação.
“Descobrimos que os camundongos não só estavam perdendo NLRP12, mas tinham uma composição completamente diferente de bactérias intestinais, composição esta mais pró-inflamatória”, afirmou Wilson. Haviam níveis mais baixos de bactérias “protetoras”, ou estirpes amigáveis, como Lachnospiraceae, e níveis mais elevados de bactérias que podem ajudar a impulsionar a inflamação, como Erysipelotrichaceae.
As pessoas com doença inflamatória intestinal têm um perfil microbiano semelhante.
“A NLRP12 serve como um ponto de verificação para o sistema imunológico – ela verifica o nível de inflamação”, explicou Liang Chen, estudante de doutorado no laboratório de Ting e também coautora do estudo. “Na falta dela, então é provável que você tenha inflamação do cólon excessiva, e isto contribui para o aparecimento de doenças. Mas não é apenas a ausência de NLRP12, mas também a sua interação com as bactérias intestinais.”
Para inverter esse ciclo negativo, os pesquisadores descobriram que poderiam adicionar de volta as chamadas bactérias “amigáveis” ou usar tratamentos que focam nos sinais inflamatórios. Eles acreditam que seus resultados poderiam potencialmente levar a tratamentos para pessoas com doenças inflamatórias intestinais com expressão de NLRP12 reduzida.
“Você poderia usar drogas anti-inflamatórias, ou você poderia apenas alimentar os animais com as bactérias específicas, causando uma mudança que os deixava menos suscetíveis à doença”, Wilson relatou. “Poderíamos potencialmente pesquisar pessoas com expressão reduzida de NLRP12, ou que tenham esta assinatura bacteriana. Será que esta solução relativamente simples poderia funcionar em pessoas com esta assinatura da doença? Pelo menos, em animais parece ser o caso.”
*N.daT.: UNC Lineberger Comprehensive Cancer Center é um centro de pesquisa e tratamento de câncer da Universidade da Carolina do Norte.
Fonte:http://unclineberger.org/news/good-bacteria
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