Os resultados de uma análise de estudos, publicados on-line no JAMA Internal Medicine, indicam que os níveis mais elevados de atividade física reduzem o risco de 13 cânceres, de um total de 26 cânceres revisados.
Para esses 13, a redução do risco variou de 10% a 42%.
Os cânceres afetados foram: carcinoma esofágico (hazard ratio = risco relativo [HR], 0,58), câncer de fígado (HR, 0,73), pulmão (HR, 0,74), rim (HR, 0,77), gástrico (HR, 0,78), endométrio (HR, 0,79), leucemia mieloide (HR, 0,80), mieloma (HR, 0,83), cólon (HR, 0,84), cabeça e pescoço (HR, 0,85), reto (HR, 0,87), bexiga (HR, 0,87), e mama (HR, 0,90).
Os cânceres não afetados positivamente com a atividade física são os da próstata e melanoma, entre outros. “Estes resultados suportam a promoção da atividade física como um componente chave nos esforços de prevenção e controle do câncer em toda a população”, afirmam os pesquisadores.
Em editorial acompanhante do estudo, Marilie D. Gammon, PhD, Escola Gillings de Saúde Pública da Universidade da Carolina do Norte, Chapel Hill, descreveu as descobertas como “emocionantes”, porque “sublinham a importância da atividade física como uma potente estratégia redutora do risco de câncer nos Estados Unidos e no exterior”.
Ela enfatiza a necessidade de mais investigação sobre os mecanismos subjacentes para a associação entre a atividade física e o câncer, e para o momento crítico da exposição ao exercício, bem como os tipos e quantidades de atividades que têm o maior impacto. O pesquisador chefe, Steven C. Moore, PhD, MPH, do National Cancer Institute, Bethesda, Maryland, disse ao Medscape Medical News que três mecanismos têm sido propostos para relacionar a atividade física na redução do risco de câncer.
A primeira hipótese, explicou, é através de hormônios sexuais. Estudos anteriores demonstraram, por exemplo, que os estrogênios ocorrem em baixos níveis em mulheres fisicamente ativas. “A segunda hipótese está relacionada à insulina — as pessoas ativas têm níveis mais baixos de insulina, e esta talvez seja um fator de risco de câncer”, disse ele.
A terceira está ligada à inflamação, com estudos que indicam que o exercício está associado a níveis mais baixos de marcadores inflamatórios, sendo estes “um fator geral para o risco de câncer”.
Embora pareça mais forte a relação entre a atividade física e o risco de câncer para os casos gastroesofágico e hematológico, não foi possível determinar qual das hipóteses poderia explicar a associação.
Dr. Moore disse: “É difícil apontar exatamente uma explicação desde que num estudo ideal é desejado ter a atividade física e os fatores inflamatórios medidos, bem como os resultados do câncer, mas ninguém ainda executou um estudo como tal”.
Os resultados, no entanto, reforçam as recomendações sobre os níveis mínimos de atividade, porque a mensagem de que o exercício reduz o risco de câncer pode ser adicionada àquela para a doença cardiovascular. Dr. Moore observou: “Em termos de levar as pessoas a serem ativas fisicamente, isto depende do número de comunidades e grupos empenhados para que a mensagem seja de saúde pública”. Para ele, o estudo “pelo menos em parte alinha a evidência de câncer com a evidência de doença cardíaca”.
Detalhes do estudo
Para a análise, os pesquisadores reuniram dados de 12 coortes prospectivas da Europa e dos Estados Unidos, que incluíram a atividade física auto-referida, rendendo um total de 1,44 milhões de indivíduos (idade média, 59 anos).
Como diferentes medidas de atividade física foram utilizadas em todos os estudos, a equipe converteu-as para equivalentes metabólicos (MET), com o exercício de intensidade moderada definido como 3, por exemplo. O nível médio de atividade foi o equivalente a 150 minutos de intensidade moderada por semana, ou 75 minutos de intensidade vigorosa, ou a combinação equivalente.
Níveis mais altos de atividade física foram associados com uma idade mais jovem, mais educação, menor índice de massa corporal (IMC), e menor probabilidade de ser fumante. Durante um acompanhamento médio de 11 anos, houve 186.932 casos incidentes de câncer.
Os pesquisadores descobriram que níveis mais elevados de atividade física foram associados com um risco aumentado de câncer de próstata (HR, 1,05) e melanoma maligno (HR, 1,27). Outras análises mostraram que este último foi estatisticamente significativo apenas em regiões dos Estados Unidos onde há altos níveis de radiação solar ultravioleta (HR, 1,26).
Houve sugestões de associações entre o aumento da atividade física e redução do risco de câncer de vesícula biliar, câncer do intestino delgado, e linfoma não-Hodgkin. Estimou-se que a atividade física foi associada com uma redução de 7% no total do risco de desenvolvimento de câncer (HR, 0,93). Embora o IMC reduziu a associação para vários tipos de câncer, 10 das associações inversas permaneceram significativas após o ajuste. O hábito de fumar modificou a associação apenas para o câncer de pulmão.
A editorialista Dra. Gammon disse que a análise conjunta reforçou a evidência de uma associação entre atividade física e alguns dos cânceres mais raros. “É muito bom ser capaz de colocar todos os estudos juntos, porque cada um deles, individualmente, apresentou fraca potência”, disse ela.
Ela acredita que a intensidade e duração da atividade física necessária para reduzir o risco de câncer é provável que sejam específicas dependendo do tumor. “Por exemplo, foi muito mais fácil descobrirmos a relação da atividade física ao câncer de cólon, mas foi muito, muito mais difícil de fazê-la com respeito ao câncer de mama, e, na minha opinião, isto pode estar relacionado com a dose e intensidade.”
Ela acrescentou: “Eu acho que vamos precisar fazer estudos mais individualizados para tentarmos realmente pontuar melhor os detalhes, mas agora, eu diria que a melhor evidência é o que o CDC (Centers for Disease Control and Prevention) está recomendando”.
A Dra. Gammon concluiu que é “muito esperançoso” ter a possibilidade de “uma boa estratégia capaz de reduzir o risco de câncer em desenvolvimento, porque alguns dos cânceres nesta lista são muito raros e muito mortais”.
O estudo foi apoiado pelo Programa de Pesquisa Intramural do National Institutes of Health.
Fonte: http://www.medscape.com/viewarticle/863322?src=emailthis#vp_1
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